domingo, 27 de março de 2011

Ela na janela

Ela só tinha visto ele uma vez. Dentro de um ônibus quente e cheio, começaram a conversar. Ela se encantou por aqueles olhos verdes límpidos que a prendiam de uma maneira inexplicável, ela se encantou pelo seu cabelo preto que formava um envolvente desenho em suas ondas perfeitas. Ela era só uma menina, uma menina que mesmo achando que sabia de tudo, não sabia de nada. Ele era um homem, um jovem homem.

A partir daquele dia, ela não conseguia mais tirar o tal sujeito da cabeça. Ele era do exército e todos os dias, pela manhã, ele passava correndo embaixo da janela de sua sala, na escola. Quando ouvia o canto daqueles homens, disparava em direção à janela, com seus olhos ansiosos na busca por ele. Quando não podia olhar, ficava nervosa e fazia de tudo pra se conter. Quando podia, parecia um predador em direção a sua presa. Ela nunca mais tinha o visto, mesmo assim não desistia. Ela era orgulhosa demais pra desistir. Assim prosseguia todos os dias, sem escutar o que as amigas lhe diziam. Todos os dias, na sua caça interminável. Ainda não acabou. E ela não faz idéia do que a espera.

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