domingo, 16 de janeiro de 2011

Entre

Poderia ficar ali, entre o chão empoeirado da cozinha e o teto que agora parecia baixo demais. Beberia entre duas ou três taças de vinho antigo que restara no armário, ouviria aquela canção entre quatro e cinco vezes, até a vitrola não aguentar mais, pra ter certeza de que aquela história não fora fruto de sua imaginação. Não fora, não poderia ser. Ela pairava entre a consciência e a imaginação. Entre seu vestido de bolinhas e o chão, um cigarro entre os dedos, entre um gole ou outro, um acorde ou vários, pensava: como eu vim parar aqui? Entre a verdade e a mentira. Entre tantas coisas que agora desconheço. Sempre entre, nunca antes, nunca depois. Entre.

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